Enfim, livre. Livre para escrever o que quero da maneira que gosto, da forma que quero, com a fonte que gosto, citando ou não. Sem respeito a normas, regras e o escambau à quatro.
O término do Trabalho de Conclusão me trouxe a liberdade de volta (a liberdade de escrever, antes que digam que estou plagiando o blog de um certo amigo). Ah, que saudade deste espaço, meu lar virtual, onde sento, defeco, coloco palavras, retiro palavras, transcrevo minhas ideias e pensamentos, sem ter que embasar tudo isso. Sim, porque toda aquela novela do Trabalho de Conclusão é um verdadeiro martírio; não fosse forte, aguerrido, corajoso e acima de tudo paciêncioso, teria largado tudo, chutado os diversos livros que comigo dividiram minha cama por meses e colocado fogo nos mais variados artigos que fui achando em pesquisas e visitas a biblioteca.
Aliás... Pesquisar foi ótimo, foi emocionante, instigante, adrenalina pura, como descobrir uma nova onda a cada semana, foi tudo, menos chato, o problema mesmo, do vulgarmente chamado "TCC", é ter de respeitar as tais normas da ABNT. Um dia eu acho a criatura humana que inventou isso, ou a criatura extraterrena, pois há normas ali que somente num plano metaplanetário para encontrar explicação. Fora isso, horários e e-mail's com a professora orientadora, com a bibliotecaria... Enfim, a dependência que assola quando não temos a liberdade de escrever o que queremos da maneira que der na telha.
Faz parte, é a vida, temos que passar por isso, e de tudo sempre extraímos lições, aprendizados.
Muita coisa mudou ao longo da elaboração do referido Trabalho... Talvez de mais expressivo tenha sido a minha reformulação alimentar. A carne vai, aos poucos, realmente desaparecendo do meu prato, consequência direta de todas as pesquisas que fiz sobre os maus tratos sofridos pelos animais de corte, principalmente na criação intensiva (sem contar os danos ambientais causados, o que é assunto para outro dia). Meu trabalho não tratou especificamente desses animais, mas do reino animal como um todo, tratou dos animais sencientes, aqueles capazes de sentir dor, sofrimento, prazer, fome, frio, calor, aqueles que almejam evitar o sofrimento, e consequentemente, procuram seu proprio bem-estar, cada um dentro das próprias perspectivas e possibilidades. A estes animais procurei conferir uma consideração moral, atribuindo-os (com base em juristas, filosofos e pensadores à quatro) o valor Dignidade, o qual historicamente (iniciando por Kant) sempre foi pensado e aplicado apenas a nós, animais humanos. Enfim, minha incursão por este fascinante mundo animal (do qual incrivelmente e vergonhasamente o homem sempre tenta se excluir) gerou efeitos diretos em mim. Os mais próximos ja perceberam isso, e muito tem me questionado, mas sou livre para comer o que quero e respeitar quem eu quiser - humanos ou não-humanos - e sempre ciente das consequências.
Estou bem comigo mesmo. Cada vez melhor. Nao sinto falta da carne no meu prato, e além disso estou descobrindo diversas outras possibilidades alimentares (infinitas possibilidades) como a soja, outras verduras além do alfaze, tubérculos, raízes, frutos, etc. Óbvio que a não ingestão da proteína animal requer substitutos a altura, o que vou trabalhando aos poucos, visto que na verdade ainda não parei por completo de comer carne. Evito quando posso, em casa, na rua, e quando possível, em outras residências, mas não faço disso uma exclusão social (como ja escrevi no texto Percepção). Não havendo outra opção, comerei carne. Tenho que respeitar a fome do meu corpo físico também, não posso ignorar isso.
Para quem interessar possa, o título do meu trabalho é A Dignidade da vida dos animais não-humanos: uma fuga do antropocentrismo juridico. Pretendo colocar trechos dele aqui no blog, mas so depois da apresentação em banca, afinal... Lá tudo pode acontecer.
Diversas outras lições deste trabalho. Sim, eu posso, eu realmente posso (e constatei que não morrerei se fizer isso) abrir mão de noites nas ruas da cidade e finais de semana dentro d`água, para estudar. Sim, um outro mundo é possível! E espero conseguir manter essa filosofia e conquistar objetivos.
A faculdade serve p/alguma coisa sim, ou melhor, percebi que as "viagens" que pesquei no decorrer de mais de meia década lá dentro eram realmente o que eu imaginava. Isso é sensacional, perceber que, " sim, eu entendi corretemente o que o professor disse". É motivador.
Dessa forma... A motivação pelo estudo aumentou. Consequência pura da realização de pesquisas e estudos, e isso é ótimo, afinal de contas, assim diminem as chances de eu largar tudo e virar hippye um dia, ideia que sempre leva meus pais ao desespero. Dizem que os estudos levam a pessoa longe e nisso acredito piamente, mas sem objetivar o luxo e, longe, bem longe da ganância presente em boa parte dos animais que se dizem sapiens.
Pra ser sincero, até a questão de respeitar normas e orientações de redação e texto tambem trouxeram proveitos. Acredito que aqui mesmo isso ja seja perceptivel, visto que, se nao me engano, este e o primeiro texto que escrevo de forma justificada e com espaçamento mofificado entre as linhas. Três meses prestando atenção nessas coisas...só podia pegar mesmo.
A liberdade de escrever de volta... Alívio, e na bagagem do retorno dessa viagem, muitas lições,
ensinamentos e cada vez mais... pensamentos, um Oceano Pensante de ideias e reflexões.
" Somos um pouco de tudo, e muito de cada pouco.
O espaço vazio de um polígono oco.
Somos os pingos da chuva e a água dentro do coco.
O suspiro de alívio, quando passado o sufoco."
[Forfun - Eremita Moderno]
2 comentários:
Uhuuuu, rootinho está de volta!!!! Maravilha..
gostei do texto e essa bosta de música sem o som ridículo da banda até parece boa... o Forfun é que atrapalha a letra!
Sobre a carne... há controvérsias!
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Drops pensantes