domingo, 2 de agosto de 2009
A Caverna do Salgão - 5º Capítulo
Não foi uma batalha fácil.
Apesar de mostrar menos força do que aparentava com suas ameaças e seu saco de bolas de couro de Salmão ensanguentado, Báfio exigiu muita entrega da turma vinda da noite porto-alegrense. A preocupação com Guile, jogado como um casca de banana no chão, dando apenas amostras de que ainda desejava sorver mais goles de cerveja em vida, e a desconfiança de que o sujeito loirado poderia estar os enganado, planejando alguma trapaça, fez com que aqueles rapazes esgotassem suas energias na batalha do ÁLCOOBOL. O goró mágico oferecido era tentador, mas eles não poderiam deixar levar por uma bebida que não conheciam.
Queriam cerveja, isso sim. A bebida predileta daqueles rapazes e, além do mais, não podiam esquecer a missão que os levou até Sombrio, libertar o povo daquele mundo da falta de chinelagem, do vazio em cada final de tarde, da abstenção nas residências Sombrianas de álcool cevado.
Carregando Guile no próprio lombo, Charlie, o mouro sem mobilidade articular, mas responsável pela vitória contra Báfio, caminhava com passos pesados. Contrinha seguia mais a frente escutando Salgmano, que demonstrava uma certa preocupação... Dos seis, era o único que tinha namorada...:
- Puta pariu Contrinha, tô atucanado... A nega vêia. Porra, nunca saio com vocês na noite, aí quando ela me libera acontece toda essa merda. Tô fodido... Não sabemos nem em que dia estamos, aqui parece que o sol fica menos tempo no céu, a noite é longa demais.... Puta pariu, ela já deve tá achando que eu aprontei e larguei ela. Que que eu faço?
- "... Slowly walking down the hall... Faster than a cannonball... Where were you while we..."
- Oh seu porra, para de cantar essa merda do Sisao. Tu escutou o que eu te falei?
- Ahn? Ahn? Claro, claro... Ah, agora já era Salg, nem adianta pensar nisso. Cerveja, temos que pensar somente nisso... Massss, que merda... não consigo lembrar as notas dessa música... - Resmungava Contrinha, tocando uma guitarra imaginária, enquanto Salgmano continuava sozinho com suas preocupações.
- Olha lá brother, olha lá... Tô vendo uma névoa lá pra frente. - Informou Roberto, mansamente.
- Graahwargash. - Resmungava Moustache - Mas como, se eu não tô sentindo cheiro de cerveja...
No que Charlie retrucou:
- É óbvio, enquanto tua sombrancelha crescer assustadoramente a ponto de cobrir até tuas narina como agora, tu não vai sentir cheiro algum, idiota.
- Graahwargash.
- Hsasauhsuahsuhus - Riam todos descontroladamente - Tu é foda, Charlie - Falou Salgamno - Mas olhem aqui, hein, hein... Vamos ter que seguir na direção daquela Aurora. É uma das orientaçãoes daquele tal de Zé.
- Puta pariu, sei não aquele Zé... - Disse o desconfiado Roberto.
- Para o merda. O Zé é nosso mentor. Lembra aquela virada de ano no Uruguai? Não apareceu aquele tal de Zé Andres proporcionado umas vizinhas pra ti e pr`o Contrinha? Sempre tem um Zé, entendeu? Sempre tem um Zé em tudo. - Falou fortemente Salgamno.
- Sei não brother ... Vou seguir aquela Aurora Loiral mais por ela me lembrar cerveja do que pelos conselhos do Zé dos Tragos.
Continuaram caminhado os seis rapazes loucos por um gorozinho e obviamente pela salvação.
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Depois de uma hora de pernada, ainda avistavam a aurora, que finalmente parecia próxima.
Estava escurecendo, em Sombrio realmente o sol não ficava muito tempo lançando seus raios. Então, quando o silêncio imperava devido ao cansaço e a sede de todos, ouviu-se um barulho, um som, um estatelar junto ao solo.
- Ploft!!!!
Um corpo jogado no chão.
- Fiá da puh... - Resmungava Moustache no chão, enquanto todos riam dele.
- Que merda é essa Moustache? Como tu consegue cair como um bebado se nem álcool temu mais - Falou Charlie, com Guile no lombo.
- Wraghynunagrs, sim, mas eu tropecei num troço aqui, deixa eu ver...
Roberto usou de seu inseparável celular (que àquela altura do campeonato só oferecia a luz do visor como recurso) para iluminar o lugar onde caíra o amigo. Espanto. Embaixo de Moustache, um corpo, maltrapilho, com um boné que tapava os parcos cabelos na cabeça.
- Putz Salgmano, parece até o teu irmão - Lembrou Contrinha.
- É mesmo - Concordou Salg. - Será que essa criatura é um ser da nossa espécie ou uma criatura nova?
E então, aquele corpo magro, aparentemente jovem, mas com poucos cabelos, levantou-se, cambalenado pr`um lado, pr`outro. Caiu, empinou uma garrafa que lembrava muito um Country Wine, vinho predileto dos seis sedentos rapazes, reergueu-se, olhou um por um deles, e disse, comendo algumas letras:
- Naaaum. Naaaum só essa porra aí q ôces saaaumm. Eu sou uma aça superior... Sou um homo tragus sapiens. Nummm vem... hurrrp -soluçando, continuou - cum essa de mesma espéci.
- Mas parece igual à nós e ao irmão do Salgmano - Deu seu ar, Guile sob o lombo de Charlie, e apagando novamente.
- Sim, tu é muito parecido com meu irmão... Mas se não é... Quem tu é então? É daqui? O que bebe? De onde tirou esse trago? Tu conhece o Zé?
- Tem irmã? - Completou Roberto.
- Naaaum. Num so aqui dessas banda... Vim d`outro mundo, que nem ôceis, na vedade de uma outra era... so, hurrrp, uma evolução do ser humano, minha raça é... Nós, homo tragus sapiens somos adaptados a grande quantidades de álccol no organismo. Somu um povo feliz, mas eu fiz uma merda lá... e acabei sendo enviado pra Sombrio. Na minha era, era que ôces ser humano podi chegar, quem faz merda é mandado pra algum lugar sem cerveja, e o do momento era aqui, esse tal mundo de Sombrio.
- Então quer dizer que tua espécie é uma evolução da nossa? - Perguntou Salgmano.
- Sim... isso aeh... Mas tô sabendo de uns papo que um tal de Imperador do Mal pretende acaba coos trago lá da Terra, depois daqui, entaun...
- Então significa que a raça humana pode não chegar ao estágio de evolução homo tragus sapiens. Oh god! - Desesperou-se Contrinha.
- Isso aeh... Hurrrp, tem que acaba cum esse tal de Imperador, só que eu num tenhu força p`risso.
- Ok, ok - Falou Salgmano, mas... Qual teu nome, afinal?
- Meu nome é Lujiano; fiz uma merda lá em casa, e vim para aqui. Não tenho irmã... Só um abostado d`um irmão mais velho.
... e o tal de Lujiano continuou, ébriamente, falando.
- É o seguinte... tum vendo aquela fumaça, névoa lá? Tem uita cerveja lá. Tem tanta que oh o meu estado, e olha que so um homo tragus sapiens. Acho que o tal de Imperatriz, Imperador, lá sei eu, iscondi boa dose dus tragos de Sombrio lá. Vão pra lá, tá valendo dá um pé té lá.
Não houve dúvidas. Seguiram na direção da Aurora. Lujiano confirmara as orientações, era naquela direção que deviam seguir Guile - adormecido -, Moustache, Charlie, Roberto, Contrinha e Salgmano. O ser da espécie homo tragus sapiens ficou pleo caminho, jogado que nem um saco de lixo na ruas de Quintão, cidadezinha aonde a rapeize por muitos verões enchera a cara de caipiras intremináveis, catuabas inesgotáveis e cervejadas inacreditáveis.
Seguiam firmes em direção à imensa massa de gás de cerveja que os chamava. Queriam de volta todo prazer da bira que rasgava suas gargantas nos churrascos na casa do Roberto. Queriam de volta a textura daquele chope cheio de risadas e sacanagem do Só Comes, a ceva mais do que gelada na calçada do Bar do Advogado, a dor de cabeça das vodkas baratas que tomavam a cada carnaval em Santa Catarina.
...
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Sempre lembrando que a publicação de A Caverna do Salgão é postada capítulo à capítulo, semanalmente, de forma alternada, no OceanoPensante e no FilosofiasSalgadas, portanto não deixe de acompanhar a sequencia (6º capítulo) desta Saga em www.filosofiassalgadas.blogspot.com.
Até mais!!!
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