terça-feira, 16 de junho de 2009
Carlinhos e o Casal Sensacional
Um conto... E desde já, aviso: Qaulquer semelhança é mera concidência.
CARLINHOS E O CASAL SENSACIONAL
- Me passa o chocolate...
- Tá aqui mor...
- E a água, cadê?
- Não sei mor... A água tava contigo.
- Pourra... Comigo? Como, se eu tô dirigindo.
- Não sei mor...
- Mas eu vi essa água aí sim... Ou não vi...
Sim, era sim um casal sensacional. Não se tratava de um casal comum, desses que passeiam à dois no Brique da Redenção aos sábados de manhã, ou que comem "chis" romanticamente no Cavanha`s a noite... Eles faziam isso como qualquer outro casal sim,mas também faziam o favor de carregar algo a mais na bagagem...
- Liga aí pr`o Teia, vê se ele vai jogar...
- Qual o número dele?...
- Bah, não sei, o Teia mudou de número... Bom, tenta aí o número "tal e tal e tal...".
Com eles, tudo se dava um jeito... De ligar ou de carregar...
- O Charles vai conosco, mas tem que pegar o mala do Norberto também...
- Aí mor, não acredito...
- Ah esses bunda-moles, não aguento mais também... Sempre me encheeeeendo o saaaco... Aaaahhhh.
Não viviam um romance à dois, e sim uma relação aglomerada, talvez porque os amigos gostassem bastante deles ou quem sabe porque eles mesmo não conseguissem deixar de mão ou esquecer dos amigos... Aliás, realmente não esqueciam deles,fosse para um chimarrão, para uma pizza, fosse para a praia, para um acampamento, jamais esqueciam dos amigos, fossem para a Conchichina, não esqueceriam das pessoas. Poderiam esquecer de desligar o registro da água na casa da praia ou de abastaecr o carro (...), isso era normal, poderiam esquecer de qualquer coisa, até mesmo de que namoravam, mas não esqueciam das pessoas ao seu redor.
Mas isso, até a chegada de Carlinhos.
De cara assustada, olhos fundos como os doi pai e pele clara como a da mãe, Carlinhos chegara para colocar fogo na relação... E desmiolar de vez aquela casal, até então, sensacional.
Quando começou a sentir as contrações no ventre, Gisele clamou desesperada. Estava quatro a três para ele, que jogava com o Manchester contra seu irmão Luciano, que representaava os italianos doMilan... Largou aquele controle como se o mesmo tivesse lhe dado um choque de 220v. Pegou a chave do carro, a carteira e partiu para o hospital... Mas esquecera de pegar sua prórpia namorada e consequentemente Carlinhos, que no ventre chutava cada vez mais forte, pedindo "passagem".
Com 3,5kg, veio ao mundo Carlos Andres Lairesse Meal. Garoto brincalhão e faminto... Filho de pais um tanto desatentos com seus frutos.
Não falharam no primeiro aniversário do garoto, que nasceu no último mês do ano... Talvez por isso jamais pudessem esquecer pelo menos do aniversário de Carlinhos: 25 de dezembro, uma data um tanto marcante, digamos, o que os ajudou a sempre lembrar pelo menos do aniversário do filho.
Contudo não acontecia o mesmo nas viagens de final de semana ou na hora de buscar o garoto na escolinha. Não foram poucas as vezes que Juninho chegara em sua aconchegante casa em Dois Irmãos e tivera que voltar duas quadras para bsucar o piá, que já há algum tempo chorava desperado no pátio da escola. Mas foi num desses feriadões "santos" made in Brazil que Carlinhos sentiu na pele como seus pai eram atentos.
- Me passa o chocolate...
- Tá aqui mor...
- E a água? Cadê?
- Não sei mor... A água tava contigo.
- Pourra... Comigo? Como, se eu tô dirigindo.
- Não sei mor...
- Mas eu vi essa água aí... Ou não vi...
E ao olhar para o banco de trás, para procurar a água, Gisele se dera conta da ausência de algo mais importante... Já estavam perto de Sombrio quando deram-se conta.
- Oh Mor, tu não pegou o Carlinhos!?
- Quê? Carlinhos? Eu? Tu tá louca Gig!? O Carlinhos não ta aí!?
- Não...
- Mas como, se eu te falei quando tava fechando a casa, "pega o Carlinhos, Gig!".
- Mas eu te vi descendo com ele antes, achei que ele já tava no carro.
- Pourra Gig, não acredito que tu esqueceu o Carlinhos lá na casa! "De novo"! E agora!?
- Mas mor, era pra ti ter pego ele, eu tava com as malas, com o chimarrão, não tinha como pegar o Carlinhos...
- Sim, eu sei, mas pourra,como tu foi deixar o guri lá, e agora? Me diz!!? O guri ficou lá na casa da velha! Me diz o que fazer agora!
- Pode parar Luís Junior,não vem gritar comigo, a culpa não é minha. Tu devia ter pego ele, e não ficar de arreganho com aqueles merdas dos teus amigos lá embaixo.
- Ah tá, agora vai culpar os guris. Que que o merda do Charles tem a ver com a história!?
- Tem a ver que eu tamém não aguento mais aqueles teus amigos... Um só quer saber de encher a cara de vodka na noite, outro tá sempre de casinho novo por aí, outro não levanta o rabo pra nada!
-Pourra, tu já vai começar a encheeeer o meu saaaco. Pourra Gig, deixa so caras! São uns merdas, mas deixa os caras. Já falei pr`o Norberto que não carrego ele mais também, chega, mas não vem encheeer o saco por isso.
- Aquele filho da puta ainda queimou minhas caixas de som... Não dá mais, não dá mais.
- Deixa o cara, deica o cara. Não ecnhe o saco, Gig! E cadê a água!?
- Não sei.
- Vai ficar de carinha, é!?
- Não tô de carinha. Não sei cadê a água.
- E agora, e o Carlinhos!? Que guri de merda também, por que não deu um berro lá de cima!!!
- Ah, deixa o Carlos também, amanhã eu teria de lavá-lo no pediatra, só assim me livrei desse compromisso.
- E, melhor mesmo Preta,menos leite pra comprar na semana. A velha Maria vai ver ele lá.
- Aí mor, mas temos que pegar o Carlinhos...
- Que nada Gig, para com isso... Deixa o guri lá um pouco, já tô irritado agora.
E assim seguiram pela BR-101, comendo chocolate, amendoim, parando para comprar água... E sem Carlinhos, que só foi buscado dois dias depois pelo L.L, seu vô paterno.
Na verdade amavam o garoto, apenas esqueciam de sua exsitência algumas vezes... Talvez mais tarde, quando crescer e tomar consciência da situação, Carlinhos aprenderá que não o esqueciam de propósito ou de sacanagem, mas sim por puro esquecimento, e que tudo isso é também uma lição apreendida por todos os amigos malas desse casal sensacional, que com esta dupla, tudo se dá um jeito, tudo dá certo no final.
Realmente, um casal sensacional.
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Um comentário:
Pô que legal essa tua história hein Doutor!?
Não sabia que tu tinhas essa facilidade para escrever ficção!
uhsaihsiahiusa
Um abraço mano
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