Fico impressionado como somos capazes de reverenciar e chamar de belo e legal aquilo que não está ao nosso alcance.
Às vezes passamos anos de nossas vidas trabalhando e batalhando a fim de juntar uma grana para poder viajar... conhecer os lugares mais remotos e distantes do Planeta. A NASA estuda e pesquisa formas de desvendar os confins da nossa galáxia e das outras; muitos acreditam que seja para achar outro lugar para morarmos depois que destruirmos a Terra, mas o discurso inicial é outro, é a vontade de descobrir a origem da vida, do Tudo, e também apresentar as mais variadas belezas da imensidão sem ar.
Mas aqui mesmo, na Terra, já possuímos belezas suficientes para nos admirarmos a cada dia, com algo novo ou até mesmo com algo velho.
Certo dia, dentro do mar, estava eu, o Dog e outros Irmãos de Sal que não me recordo agora quais; lembro bem que alguém quis remar mais para a esquerda dizendo que lá a onda estava quebrando melhor... Mera ilusão, disse o Dog, " o gramado do vizinho sempre parece mais verde". E é verdade.
Coisas boas acontecem em nossas vidas a todo instante, uma risada com os amigos, um beijo sincero da namorada, um abraço de pai e mãe ou um gol do nosso time, mas quando o bicho pega e tomamos um tombo da vida esquecemos de todas essas coisas boas que citei e que temos o tempo inteiro. Fazemos um drama, por vezes, achando que a Vida acabou para nós.
Dos lugares que conhecemos e habitamos, não é nem um pouco diferente. Nem um pouco mesmo. Eu tenho casa na Praia do Quintão e lá aprendo isso a cada final de semana.
Eu poderia ter ficado indignado com a vida, de cara com o mundo por não ter conseguido sair de lá o verão inteiro, por inevitavelmente ter passado minhas tão esperadas férias lá, no lugar que sempre passo o verão e boa parte dos finais de semana do ano, mas não; fiquei de boa e percebi que aquele lugar, por exemplo, ainda poderia me reservar algo de bom.
Minha surpresa começou quando a Prefeitura de Palmares (município a qual pertence a praia) colocou placas informativas sobre a importância da preservação ambiental em toda orla, a cada entrada de rua à beira-mar. Tudo bem, vão me contestar dizendo "do que adianta placas, com essas ruas embarradas... a água parada nas saídas de rua...".
Deixem de ser chatos e parem para observar o que está aos olhos de vocês.
É impressionante a beleza das dunas presentes na beira-mar do Quintão. Esta ainda é uma das poucas praias do litoral gaúcho que possui isso; os chatos e acomodados que me perdoem, mas falta muita consciência a eles ao não perceberem que vale mais as várias dunas ali presentes, que nos protegem dos avanços do mar, do que uma escavadeira para abrir passagem para os veranistas e qualquer outro que esteja indo para o mar. Sem falar que as dunas são áreas de preservação permanente de acordo com a legislação brasileira, logo, sua destruição é proibida.
A Prefeitura já construiu outra passarela ecologicamente correta, além da que já havia em frente a rodoviária, para termos acesso ao mar sem que para isso seja necessário destruir esse valioso patrimônio natural que Quintão possui e poucos dão importância. Ah... claro, esqueci.... Legal é viajar para Santa Catarina e ver todos aqueles morros onde as ondas batem e produzem um show de água espirrando. Óbvio que lá é bom demais, um estado cheio de praias ricas em belezas naturais, só acho que além de olharmos para lá devemos olhar (e admirar) antes o que está muito mais perto de nós, ao nosso alcance sem muito esforço.
Caminhando em direção ao lado norte da praia descobri ainda um espaço sensacional. Um morador ou veranista adotou por livre e espontânea vontade um desses terrenos junto a orla, atrás de uma duna, e construiu um marco de uns dois metros e meio de altura apontando a direção das mais variadas e sonhadas praias do Planeta a partir de Quintão, colocando também a distância desta até tal praia. Um lugar muito bem cuidado pelo cara, com a grama bem aparada e um pequeno jardim.
É simples? É, mas é bonito e vale uma foto, assim como as passarelas de acesso a beira-mar na Praia da Ferrugem, em SC, também são pontos procurados para fotos pelos gaúchos que lá vão e simplesmente ignoram as idênticas passarelas presentes em Quintão, Pinhal, Imbé, e etc.
Não parei por aí... Com a companhia da Gata (e tá aí outro inesperado presente da minha praia no verão que passou: uma namorada parceira, vejam só), continuei a desbravar os cantos mais remotos de Quintão. Seguimos pela rua do marco que citei, em direção as dunas da parte de trás da praia. Sol de 38º graus na cuca, às 16h, por aí, imaginem só.O objetivo era chegar a lagoa existente lá (Lagoa do Cipó) por outro caminho que não o convencional (que é pela rua do parque/ Chafariz), e então encontramos um lixão. Um lixão? Tá, mas e daí? É que trata-se de um lixão onde as sobras humanas são realmente separadas... Sim. Poucos sabem , mas em Quintão também se separa lixo, e tudo é destinado para corretos fins a partir de lá. Parece pouco, mas para uma praia como Quintão, que nem emancipada é, onde os postes com luz na avenida são poucos durante o ano, eu acho algo importante.
Ainda por esses lados... Uma imensidão de areia com pinheiros ao fundos. Simples? Sim, mas belo igual, tão belo quanto a vista que temos de um imenso verde em qualquer fazenda por aí nesses passeios rurais que as pessoas fazem.
Enfim, são muitos os pontos a serem explorados naquela praia, por exemplo, assim como as outras praias também possuem suas belezas naturais próprias e muitas vezes a população local (moradores ou veranistas) não reconhece o devido valor. E olhem que nem falei das ondas, do mar de Quntão.
Minha próxima missão é desbravar o canto sul da praia, lá para os lados do Farol Berta - Dunas Altas - onde até já fiz incursões com os brothers, mas guardo as visões que nessas ocasiões tive para postar na hora certa aqui, depois de voltar lá e constatar muitas outras paisagens e um meio ambiente tão belo quanto o de outras praias.
Em tempo, muito se falou durante (e após) o verão da minhas ideias "malucas" de provar as tatuíras que se escondem nas areias da beira-mar da praia.... Pois saibam , vejam só, já que estamos falando de belezas naturais e preservação do meio, que a quantidade de tatuíras numa praia indica o quanto suas areias estão limpas. Quanto mais mais desses bichos, mais limpa está a região, e vice-versa (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tatuíra).
Para muitos este texto pode ter sido de pouco importância, mas creio que a ideia pode ser aplicada a qualquer lugar... Ou até mesmo a qualquer situação na vida... Valorizar aquilo que está aos nossos pés, na retas dos nossos olhos, ao nosso curto alcance, mas que muitas vezes passa despercebido, sem receber o devido valor.
Segue o baile.
Hoje, 24 de março, faltando exatos Um mês e Um dia para o aniversário de Um ano do Oceano Pensante...
Aloha!
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Foto 1 - Passarela sobre as dunas na beira-mar - Rua Remo (quase no Rei do Peixe).
Foto 2 - Saída para o mar na Frei - Rua Frei Caneca -, duas antes do Chafariz, sentido norte-sul.
Foto 3 - Saída para o mar próximo à rua do Banrisul.
Foto 4 - Passarela natural por cima da duna - também próximo à rua do Banrisul.
Foto 5 - Marco da direção e distância de Quintão a várias praias do Planeta - Rua São Gabriel (o nome atual é outro, São Gabriel é o nome antigo. É uma das primeiras ruas da praia - Sentido norte-sul).
Foto 6 - Marco das praias no detalhe.
Foto 7 - Um ser vivo de asas totalmente branco que presenciou a visita ao lugar acima.
Foto 8 - Lagoa do Cipó - Nos fundos de Quintão.