Há duas semanas fui ao 'II Bioética em Debate - Meio ambiente - crise e perspectiva', promovido pelo Instituto de Bioética da PUCRS.
Estavam presentes biólogos, filósofos, juristas, engenheiros e, o que mais me chamou a atenção, um Lama de uma comunidade budista de Viamão.
O assunto tratado, como se percebe, a crise ambiental que o planeta vive e sente nos dias atuais. Muito se falou das mudanças possíveis para uma vida melhor, como as já manjadas separação do lixo, contenção no uso da água, racionalidade ecoógica nas indústrias, etc.. Nao é de agora que essas preocupações com o meio ambiente se fazem presentes nos noticiários, centros de estudo, nas casas, e, porque não, neste blog (vide outros textos postados).... A natureza clama por ajuda frente a tendência auto-destrutiva do ser humano. e isso vem, principalmente, desde 1972 quando tivemos a Conferência de Estocolmo, marco ambiental, tratando do desenvolvimento humano e economico em uma reunião com diversas nações (inclusive o Brasil).
Falar sobre Estocolmo, 1972, suas promessas e resultados requer um tempo maior, um espaço próprio, mas de lá para cá tem-se que, resumidamente, muito se tentou e se tenta, mas com resultados talvez nem tão eficazes. Na verdade, legislações cada vez mais verdes, campanhas ecológicas e conferências sobre a terra, a água, o clima (Conferência de Compenhage em breve, a partir de segunda-feira, 07) são cada vez mais frequentes, contudo ainda se verifica certa resistência das pessoas (físicas e jurídicas) para uma mudança de hábitos, de cultura, deixando de lado uma necessária consciência ambiental. Muitos ainda fecham os olhos para os sinais da natureza, ou melhor, com os olhos abertos fingem não ver a necessidade de mudança e a possibilidade de manter uma vida boa aliada a preservação ambiental. Nesse sentido, Lama Padma Santem, da comunidade de Viamão.
"Vivemos em uma bolha", foi o que disse o Lama quando questionado sobre a ideia de sustentabilidade ambiental "versus" geração de empregos pela indústria automotiva. Se indústrias que, apesar de programas auto-sustentaveis, sabemos, contribuem enormemente para a poluição ambiental, geram tantos empregos e possibilitam uma melhora tremenda na economia, como conter tal crescimento mesmo que o objetivo disso seja também de relevância social (preservação e proteção ambiental)? Para o budista, o homem precisa escapar das amarras que sempre conduziram sua vida; escapar da ideia de apenas uma possibilidade de crescimento economico.
Estamos acostumados a ver apenas uma face das diversas situações que nos aparecem. Não olhamos ao nosso redor e ignoramos as possibilidades que até mesmo algo negativo nos traz. Na ideia da bolha, estamos restritos a determinadas opções, e deixamos de ver uma vasta dimensão onde até mesmo economicamente a humanidade pode crescer sem que para isso tenha que continuar poluindo e destruindo a natureza. Nossa espécie, e muitos outras, não sobreviverão a todas essas mazelas ambientais a que já sentimos na pele (ou ninguém ficou apavorado com o temporal ocorrido em Porto Alegre dia 19 de novembro?). Se a contenção de investimentos e de produção na indústria automotiva pode levar a uma estagnação na geração de empregos, por exemplo, isso não é o fim de tudo. Basta os gestores sociais prestarem atenção em toda necessidade ambiental do mundo de hoje, para então perceber que a oferta de emprego pode vir de diversas outras formas, não apenas com as poluentes e já conhecidas indústrias de sempre.
Muito se pode ganhar com empresas de reciclagem de lixo ( http://www6.ufrgs.br/ensinodareportagem/cidades/lixo.html ), por exemplo, visto que essa demanda ainda cresce absurdamente... A economia verde que se almeja ainda é pequena frente muitas embalagens desnecessárias dos produtos que compramos. Em Extrema - MG, o poder público inovou ao propor aos fazendeiros da localidade que eles mesmos cuidem de certas tarefas ambientais, como preservar nascentes e recuperar matas em suas propriedades, a fim de proteger os recursos hídricos do munícipio. Os pequenos fazendeiros recebem por isso, numa espoécie de "Pagamento por Serviços Ambientais" ( http://ecoviagem.uol.com.br/noticias/ambiente/nossa-agua/extrema-mg-sedia-o-lancamento-do-projeto-conservador-das-aguas-7356.asp ) .
Não é apenas a indústria automotiva ou calçadista que gera empregos. Há outras possibilidades de se gerar empregos, muito na gama de atividades em prol do meio ambiente. "A bolha" na qual normalmente vivemos nos impede de ver, experimentart e comprovar a real possibiulidade de viver de forma diferente do tradicional. As necessidades humanas cada vez mais diversificadas nos colocam a prova para nelas percebermos novos empregos, ramos, funções no mercado.
Fora isso, a questão da bolha pode ser aplicada em diversos sentidos, como na rotina entendiosa de muitas pessoas, que reclamam falta de qualidade de vida, mas ao chegarem em casa do serviço preferem ligar a televisão e ignoram um mundo além da janela que não o do serviço e o das novelas globais.
É automático. Comprar uma Zero Hora todo dia sem perceber que podemos sair dessa bolha e captarmos informações de outros peródicos.
A bolha nos envolve na paixão quando nos desesperarmos com o fim de um relacionamento e custamos a notar os outros diversos paixões que podem estar a nossa espera.
A bolha da música, onde escutamos apenas o que gostamos e não nos damos o trabalho de prestar atenção em outros ritmos musicais.
E então podemos estourar essa bolha, ver um universo de opções disponíveis e ao nosso alcance.
Por vezes falta coragem , é verdade, para mudarmos, experimentarmos, mas para quem almeja algo novo e melhor, faz-se necessário essa coragem para estourar a bolha em que muitas vezes nos encontramos e, assim, abrirmos a mente às infinitas possibilidades que o meio nos oferece.